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19 de February de 2015
As questões ambientais não podem mais ficar à margem. Meio ambiente precisa ser um eixo importante nas políticas públicas, para dar um passo a frente em relação às demais nações emergentes. Não à toa, o Congresso Nacional tem uma grande responsabilidade nos próximos anos.Visando a contribuir e alterar o cenário atual, a Fundação SOS Mata Atlântica preparou, antes das eleições de 2014, algumas propostas que são fundamentais para que o Brasil possa começar a desenvolver-se de frente para o mar. E uma delas, em especial, depende da atuação de parlamentares comprometidos com o tema. Desde dezembro de 2013 tramita pela Câmara dos Deputados o Projeto de Lei n.º 6.969/13, que institui a Política Nacional para a Conservação e o Uso Sustentável do Bioma Marinho (PNCMar). Ao longo de 2014 esse processo não avançou, mas espera-se que neste ano de 2015 lhe sejam dadas as devidas celeridade e prioridade. Afinal, toda a extensão territorial costeira e marinha ainda carece de um marco regulatório. A construção desse instrumento de política pública, moderno e inovador, representa um grande avanço para as ações de conservação marinha no Brasil. É também uma oportunidade para o País discutir como compatibilizar os usos econômicos, sociais e ambientais dos oceanos de forma participativa e democrática. A construção coletiva realizada até o momento contou com a participação de cientistas, parlamentares, profissionais e especialistas no tema, e assegurou que a lei proposta não fosse baseada apenas em princípios de conservação ambiental, mas apresentasse ferramentas inovadoras, como o planejamento espacial marinho, que considera as aptidões naturais das regiões e busca compatibilizar os diversos usos do mar. O projeto de lei traz ainda instrumentos que incentivam o uso de atividades não extrativas, como o turismo, por meio de subsídios - que até então o governo brasileiro oferece, principalmente, para atividades extrativas, como exploração de petróleo e pesca industrial.
O desafio não é pequeno, é do tamanho da nossa zona costeira. Para garantir que esse processo seja democrático é fundamental que o debate seja transparente, com base na melhor informação científica disponível e inclua o diálogo com o setor produtivo, não apenas com o setor extrativo, mas também com aqueles que geram emprego e renda com conservação marinha.Hoje existem investimentos, projetos, ideias, pessoas comprometidas e experientes. Mas enquanto a gestão do território marinho não fizer parte do planejamento estratégico do País, será como remar contra a maré, além de ficar cada vez mais difícil avançar com as propostas positivas. O Congresso brasileiro pode ser o palco principal para debates de alto nível, com especialistas de diversos lugares do Brasil, com representantes da pesca industrial e artesanal, com os setores de turismo, de óleo e gás e com os setores governamentais engajados no tema. Se o novo Congresso estiver disposto ao diálogo com a sociedade civil, não lhe faltarão propostas para melhorar a governança da zona costeira e marinha. É necessário ter vontade política para olhar para essa parte do Brasil, que vem sendo há anos abandonada do ponto de vista ambiental. Pela importância das águas costeiras e do oceano para a saúde, a segurança, a alimentação e o lazer da população brasileira, é fundamental que o Legislativo se comprometa com essa agenda. *Pedro Luiz Passos e Roberto Klabin são, respectivamente, presidente da Fundação SOS Mata Atlântica e vice-presidente da Fundação para a área de Mar.