“Hoje vejo pescadores que antes odiavam o peixe-boi, lutando para que a espécie continue no rio, sobreviva e procrie, é grandioso. Enquanto coletivo podemos mudar a vida e o lugar onde vivemos”, afirma
Maria Eduarda, de 19 anos de idade, de São Miguel dos Milagres (AL), em um dos vídeos. Neta e filha de pescadores, ela é exemplo de jovem mobilizadora. Participa de ações ambientais desde os 9 anos de idade.
Entre os objetivos desta websérie, está o engajamento da comunidade local e turistas sobre os cuidados que se deve ter para que a região continue como uma das mais bonitas do Brasil. A região é marcada pela presença de recifes de corais e manguezais, garantindo uma alta biodiversidade representada por peixes, moluscos, mamíferos aquáticos e outros, e ainda inclui a ocorrência de espécies ameaçadas de extinção – como o peixe-boi marinho, tartarugas e baleias.
Segundo o ICMBio, somente em 2018 foram quase 300 mil pessoas que visitaram a APA Costa dos Corais, colocando ela entre as 10 Unidades de Conservação (UCs) federais mais visitadas do Brasil. A APA Costa dos Corais é a maior Unidade de Conservação federal costeiro marinha do Brasil, onde estão os famosos recifes de corais, piscinas naturais e praias de Maragogi, São Miguel dos Milagres (AL) e Tamandaré (PE) e mais outros 9 municípios dos litorais norte de Alagoas e sul de Pernambuco.
Nilo Burgarelli, dono de pousada em São Miguel dos Milagres (AL), é exemplo de quem vem de outra região e passa a respeitar a natureza onde um dia foi visitante. Como ele diz, não teve a honra de nascer em Alagoas – é natural do Espírito Santo – mas é alagoano de esposa, filhos e netos, pois mora na região há 20 anos.
“A natureza suporta uma quantidade de pessoas, se ultrapassar este limite, ela fica feia como qualquer coisa e acaba com todo mundo depois. Por isso, acho que precisamos unir todo mundo ainda mais se quisermos manter este local preservado“.
Sales, de Maragogi (AL), que já foi pescador, carpinteiro, pintor e hoje encontra no turismo de mergulho o sustento de sua família. Ele reforça que, se não fosse o trabalho do ICMBio, não existiria mais os corais na região.
“Estavam destruindo e não daria mais para mostrar nada aos turistas”.
Apesar de ser uma das áreas protegidas mais visitadas do Brasil, ainda é necessário informação sobre como a sociedade pode usar esta área. Além disso, mais de 200 mil pessoas vivem na região, dependendo diretamente do uso dos recursos naturais da unidade, como o turismo e a pesca artesanal.
Para a liderança feminina, pesquisadora e pescadora Ana Paula, de Barra de Santo Antônio (AL),
“hoje a população entende que há escassez do pescado, espécies ameaçadas de extinção, como o desmatamento prejudica a pesca, entre outras coisas“. “A comunidade entende que lá é uma UC, que eles fazem parte dela e devem preservar. Eu digo para todo mundo, lute por sua comunidade, se engaje, participe“, afirma ela, que também luta para garantir o espaço da mulher no processo de organização e fortalecimento da pesca na região.