A Conferência da Água que aconteceu na sede da ONU, em Nova York, foi histórica. Martelos bateram e muitas decisões foram tomadas para tornar a água cada vez mais uma prioridade na agenda global. "Pela primeira vez em quase 50 anos a água foi elevada a uma agenda altamente estratégica, uma agenda que a torna reconhecida no mundo como um bem comum", avalia Malu Ribeiro, diretora de Políticas da SOS Mata Atlântica, que
participou do evento.
Ela conta que a água foi apontada como elemento estratégico para a paz, para a segurança da vida, e que deve ser agora um dos temas tratados nas COPs, as Conferências das Partes da ONU. A relação entre água e clima foi muito ressaltada, bem como a necessidade de união das duas agendas, especialmente em razão de a água estar envolvidas em muitos dos impactos da emergência climática e na maioria dos eventos extremos.
O presidente da Assembleia das Nações Unidas, Csaba Kőrösi, disse que levou quase duas gerações para nós pararmos de negligenciar nosso recurso mais precioso. “Eu enalteço a todos vocês que reafirmaram que o ciclo hidrológico que nos liga a todos em espaço e tempo é agora finalmente considerado um bem comum e consequentemente nós todos temos nossa parte de responsabilidade”, afirmou na plenária final do evento.
Ele resumiu os principais compromissos deixados pela Conferência em:
- Políticas integradas de água e clima nos níveis nacional e global até 2030.
- Um sistema global de informação sobre água para apoiar a gestão de água e clima para a resiliência socioeconômica, sustentabilidade ecológica e inclusão social.
- Alertas antecipados para todos para ajudar as pessoas a proteger suas vidas e propriedades.
- Superar a dependência insustentável de um consumo cada vez maior de água para fornecer nutrição e energia.
- Redefinir princípios financeiros para fazer nossas economias mais inteligentes e centradas no humano, na água, no clima e na terra.
- Uma rede global de educação para construir capacidades nas instituições e pessoas, especialmente para apoiar países em desenvolvimento.
- Acordos inclusivos, abrangentes e transfronteiriços com base na Convenção sobre Água da UNECE (Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa) para apoiar países de todos os continentes.
- Criar uma nova arquitetura institucional com a posição de um enviado especial da ONU para o tema água, que responderá ao secretário executivo, e um painel científico e prático independente sobre o assunto.
- Reunião intergovernamental em 2025 para avaliar a implementação das medidas acima e os compromissos nacionais e das partes interessadas.
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Restauração
Também foi consenso geral que é essencial proteger e restaurar os ecossistemas para garantir água de qualidade. Neste sentido, a SOS Mata Atlântica assumiu um
compromisso destacando a importância da restauração da floresta e ecossistemas para garantir água para todos.
"Não vamos conseguir resolver problemas locais sem atacar o global. A água precisa ser protegida coletivamente em interesse de todos", escreve Afra Balazina, diretora de Mobilização e Comunicação da SOS Mata Atlântica, também presente na Conferência.
"Estamos muito satisfeitos, a SOS trouxe um compromisso importante com o desmatamento zero, a inclusão social, a inclusão de gênero, com o Brasil reconhecendo efetivamente o acesso a água como direito fundamental do brasileiros e brasileiras", completa Malu.
Retrato dos rios
A equipe da Fundação lançou na conferência o novo relatório do
Observando os Rios. Segundo os dados coletados por mais de 2.700 voluntários em 16 estados da Mata Atlântica, apenas
6,9% dos rios do bioma apresentam qualidade boa.
Você pode acessar
o relatório completo aqui.
O Observando os Rios é patrocinado pela Ypê e a participação na conferência contou com apoio do Avião Solidário da Latam Airlines.