Os 28 anos da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim foram comemorados com confraternização, plantio de mudas, apresentações culturais e protesto, no último dia
29 de setembro (sábado). A unidade de conservação protege os últimos remanescentes de manguezais da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Apesar de muitas conquistas a serem celebradas, os desafios da APA também são grandes: os valiosos manguezais ainda sofrem diversas pressões, como as representadas por empreendimentos de impacto como o Comperj - maior complexo Petroquímico do Rio de Janeiro.
"A APA vem sofrendo tod
o tipo de pressão relacionada ao enfraquecimento da legislação ambiental local, mas nós seguimos resistindo, com o apoio de parceiros e da comunidade local. Esses esforços permitem constatar resultados positivos, como o crescimento da área de manguezais no interior da unidade", declarou Breno Herrera, chefe da APA Guapimirim.
As comemorações começaram com um café da manhã, e seguiram com o plantio de mudas, coordenado pelo Voluntariado da SOS Mata Atlântica, uma iniciativa que desde 2010 vem restaurando a vegetação às margens do Rio Guapimirim. Em paralelo, foi realizado um protesto de pescadores artesanais que dependem da APA e promoveram uma barqueata contra as ameaças que a região vem sofrendo. O evento se encerrou com a performance dos MCs Siri e Caranguejo, que âpresentaram funks de temática socioambiental.
Bellô Monteiro, coordenador de Mobilização da SOS Mata Atlântica, reforçou a relevância da parceria que os programas de Voluntariado e Costa Atlântica mantêm com a unidade: "essa área é importantíssima para a conservação e o interesse da SOS Mata Atlântica é fortalecer ainda mais essa parceria, a cada ano".
Ação Voluntária: plantio de mudas
Esta já é a quarta ação voluntária para plantio de mudas na APA de Guapimirim. Ao todo, já foram plantadas mais de 700 mudas nativas e mais de 250 pessoas já participaram das ações. No trajeto entre a sede da APA e a área de plantio, já é possível notar o resultado das ações anteriores e ver a vegetação se recuperando na margem do Rio Guapimirim. Nesta edição, participaram cerca de 80 pessoas, entre voluntários e estudantes.
A voluntária Tatiana Nassi, turismóloga, participou de ações voluntárias anteriores: "eu me sinto orgulhosa de ver que o que eu plantei no passado realmente progrediu. É um estímulo para voltar mais vezes."
Plantar uma árvore também empolgou quem era iniciante na ação. É o caso de Lorrane Caruso, estudante de Engenharia Florestal: "fiquei bem feliz, com certeza participaria de outro plantio, afirmou". Também é o caso das estudantes Milena, de 11 anos, e Darli, de 12. "Sinto que vou ajudar a região a se recuperar" afirmou Darli; "é uma ótima experiência", complementou Milena.
De acordo com Beloyanis Monteiro, coordenador de Mobilização da SOS Mata Atlântica, atividades voluntárias como esta mostram o caminho para proteger o que resta e recuperar parte do que já perdemos do bioma. “Nosso objetivo é engajar pessoas e também informar à população carioca e fluminense sobre a importância dessa área protegida de Mata Atlântica para o Rio de Janeiro. Restam apenas 18% do bioma no Estado, portanto é importante que as pessoas participem ativamente de trabalhos que incentivem a conservação do que nos sobrou”.
Ao fim do plantio, foi promovido um abraço simbólico à unidade, com pedido de paz, proteção e fartura para a região.
Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim
A APA de Guapimirim é uma importante Unidade de Conservação Federal, responsável pela proteção de manguezais na Baía de Guanabara. A unidade está localizada no Recôncavo da Baía da Guanabara, na região Metropolitana do Rio de Janeiro, a 50 minutos do centro da capital. Nela, se pode encontrar um paraíso ecológico com alguns dos últimos remanescentes de manguezal da baía, o que torna o local uma boa opção para a prática de ecoturismo.
Com aproximadamente 14 mil ha, a APA foi criada em 25 de setembro de 1984, pelo Decreto Federal nº 90.225. Esta importante área da Mata Atlântica está localizada num vale formado pela base do Dedo de Deus, Serra dos Órgãos, fazendo limite com os municípios de Teresópolis e Petrópolis (norte), Itaboraí e fundos da Baía de Guanabara (sul), Cachoeiras de Macacu (leste) e Magé (oeste) e abriga da Estação Ecológica da Guanabara, que protege os mais preservados manguezais do Brasil.
Programas de Voluntariado e Costa Atlântica, da SOS Mata Atlântica
Criado em 1997 com o objetivo de atender à demanda de cidadãos que procuravam a SOS Mata Atlântica com o desejo de contribuir para o resgate da qualidade de vida e conservação ambiental, o Programa de Voluntariado da organização busca aproveitar esse potencial e incentivar a participação ativa em ações realizadas pela Fundação, discutindo questões ligadas à temática da educação ambiental, lixo, poluição das águas, consumo consciente e outras. Estão, entre as atividades realizadas, capacitações, educação ambiental em escolas, mobilizações, mutirões, participações em eventos e visitas às outras bases de atuação da organização.
Desde 2006, o Programa Costa Atlântica é uma das frentes de atuação da SOS Mata Atlântica e contribui com o desenvolvimento sustentável e a manutenção do equilíbrio ambiental das Zonas Costeira e Marinha do bioma, incluindo também a conservação dos patrimônios naturais, biológicos, históricos e culturais existentes nessas regiões. As principais atividades do programa são fortalecimento do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e da gestão integrada dos ecossistemas, com a participação da sociedade civil organizada e de parceiros locais; apoio a projetos de pesquisa e diagnósticos; capacitação e promoção de campanhas de mobilização e informação.
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