No último final de semana, um volume recorde de água caiu sobre o litoral de São Paulo. As chuvas foram muito além do previsto pela meteorologia – apenas em São Sebastião, a previsão era de cerca de 200 milímetros, porém 600 mm caíram em 24 horas. Apesar de
influenciadas por uma frente fria vindo da Argentina, um fenômeno comum do clima, a intensidade das chuvas fez com que elas se tornassem um evento climático extremo.
“Já é um resultado das mudanças climáticas, previsto que aconteceria. Toda a modelagem climática fala que teremos cada vez mais eventos, e cada vez mais extremos”, explica Luis Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da Fundação SOS Mata Atlântica. “Sabemos que serão cada vez mais intensos, só que a gente nunca sabe qual vai ser essa intensidade”, comenta.
Foi o que aconteceu no litoral paulista. O Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), órgão responsável, chegou a emitir alerta de risco, mas era impossível prever a intensidade do evento. Isso porque a ciência se baseia na série histórica de eventos normais,
realidade agora alterada por conta das mudanças climáticas.
Até o momento, 48 mortes foram confirmadas por conta dos deslizamentos de terra e enchentes. Dezenas de pessoas estão desaparecidas e centenas estão desabrigadas.
O que fazer
Para o diretor da SOS Mata Atlântica, o primeiro passo para evitar que tragédias como essa aconteçam é rever os planos diretores e de zoneamento das cidades, para impedir que habitações sejam construídas em áreas de risco. O segundo é retirar as pessoas dessas zonas quando há chance de um evento extremo. “Tem uma visão de curtíssimo prazo que é de emergência, mas a de médio e longo prazo é colocar essas populações em lugares seguros”, pontua.
“Agora, tem a questão das perdas e danos. Como que o
mecanismo que foi falado lá no Egito chega na população da Barra do Sahy?”, questiona Guedes Pinto, citando uma das comunidades mais afetadas na cidade de São Sebastião. O fundo de perdas e danos causadas pelas mudanças climáticas foi instituído na COP27, última conferência do clima, porém ainda não tomou forma.
Outra ação preventiva é a proteção da Mata Atlântica e outros ecossistemas naturais. A floresta pode não conseguir segurar um volume tão grande de chuva quanto o que caiu no litoral paulista, mas certamente ameniza os impactos negativos. “É preciso manter a floresta o mais intacta e protegida possível, pois é ela que diminui o risco. Ele sempre vai existir, mas quanto mais protegida, menor o impacto do evento extremo. Ela tem o papel fundamental de atenuar os efeitos. O que não exclui outras ações de prevenção, como tirar as pessoas dos lugares de risco”, conclui o diretor.
[embed]https://youtu.be/iAvPSh0pN_c[/embed]
Como ajudar
As instituições listadas a seguir estão arrecadando doações para as famílias vítimas deste evento climático extremo:
Instituto Verdescola
Doações pelo PIX
verdescola@verdescola.org.br
Posto de coleta de doações em São Paulo:
Rua Lourenço Prado, 175, Cidade dos Bandeirantes, Butantã.
Funcionamento das 9h às 17h.
Veja os itens que você pode doar.
Desengarrafando Mentes
Posto de coleta de doações em São Paulo:
Matilha Cultural - Rua Rego Freitas, 542 – República.
Itens prioritários:
- Água
- Alimentos (alimentação rápida como pães, lanches, etc)
- Roupas e calçados (principalmente roupas íntimas)
- Produtos de higiene pessoal
Gerando Falcões
Doações pelo PIX
pix@gerandofalcoes.com ou pelo site
#tamojunto - Gerando Falcões (gerandofalcoes.com)
Vaquinha Ajude o Litoral Norte, organizada pelo chef Eudes Assis
Doações diretamente pelo site
www.vakinha.com.br/3501138.
Localmente, as prefeituras de São Sebastião, Ilhabela, Caraguatatuba e Ubatuba também estão organizando postos de coleta.
Foto de capa: Daniela Andrade/Prefeitura de São Sebastião.