O programa Rede das Águas da SOS Mata Atlântica executa o projeto Água das Florestas, em parceria com Instituto Coca-Cola Brasil (ICCB), desde 2010 na região da bacia dos Rios Piracicaba/Capivari/Jundiaí (PCJ) no interior de São Paulo. Após três anos, a Fundação e o ICCB divulgam os resultados do projeto, com destaque para a melhoria dos indicadores de qualidade de água, a restauração de 217 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e o envolvimento da comunidade local na gestão participativa da bacia.
No que se refere aos indicadores de qualidade da água, os resultados são significativos: nas 13 propriedades inseridas no projeto, foram selecionados 28 pontos de coleta de água distribuídos entre os principais rios e córregos da bacia. No início das atividades, 14 dos 28 pontos apresentavam qualidade ruim, enquanto os outros 14 eram classificados como regular. Após três anos de projeto, apenas 1 ponto continua com o indicador ruim, 21 pontos com qualidade regular, próxima a bom, e 2 pontos classificados como bom.
Do loteamento à conservação
Para Malu Ribeiro, o projeto tem reforçado a importância da gestão participativa da bacia para a conservação e uso sustentável da água. “A sociedade passou a reconhecer a importância desse manancial para a região e, a partir de oficinas e da apresentação do programa, ver o Água das Florestas como uma ferramenta de integração para defesa de seus interesses e valorização dos patrimônios com foco especial para a conservação da água”.
Um exemplo é o interesse dos proprietários locais na criação de uma Área de Proteção Ambiental Municipal no Piraí. “Antes, devido à especulação imobiliária, muitos proprietários estavam interessados em lotear suas áreas. Após o projeto, perceberam os benefícios, inclusive financeiros, da conservação”, considera Malu.
Nessa mesma linha, destaca-se também a deliberação do Comitê de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí para que nessa região os zoneamentos municipais e o Plano de Bacias mantenham as faixas de APP nos limites estabelecidos no Código Florestal anterior, de 30 metros para rios e 50 metros para entornos de nascentes. “Com a mudança da lei em 2012, essa exigência diminuiu consideravelmente. No entanto, os resultados do Água das Florestas destacaram a importância da manutenção de uma maior área de matas ciliares para garantir o uso da água e evitar o colapso hídrico na região”, conclui.
Como funciona o projeto
O Água das Florestas visa à restauração de bacias hidrográficas por meio de plantio de espécies nativas em APPs de córregos, rios, nascentes e reservatórios, além da formação de corredores florestais e o monitoramento da qualidade dá água e da cobertura florestal. Por meio de um modelo replicável, o projeto busca contribuir para a preservação dos ecossistemas e garantir o acesso das populações à água, em qualidade e quantidade sustentáveis.
O programa contempla ações de recuperação, conservação, preservação e gestão integrada da água e da floresta, em microbacias hidrográficas, com mobilização, capacitação e engajamento social, bem como a ampliação dos instrumentos econômicos e de políticas públicas baseadas em serviços ambientais.
O projeto conta com uma unidade de gestão local, em Itu, que permite a integração das equipes técnicas de restauração e conservação com atividades de monitoramento da qualidade da água realizadas com grupos formados por comunidades e instituições locais, como proprietários, alunos e professores de escolas da região e representantes de ONGs. “Buscamos promover o pertencimento e o protagonismo dos proprietários das áreas restauradas e da comunidade. Para isso, a estratégia é construída de forma participativa e continuada, executada em reuniões com integrantes da Associação de Proprietários e com os coordenadores dos grupos de monitoramento da água”.
Confira o Relatório Técnico do Projeto Água das Florestas: http://we.tl/ZmtIbW7FGh