Neste 22 de março, Dia Mundial da Água, a Fundação SOS Mata Atlântica divulga estudo indicando que o Brasil ainda está distante de atingir o fornecimento ideal de água limpa em quantidade a toda a população. A nova edição da pesquisa “O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica”, realizada pelo programa Observando os Rios, revela que mais de 20% dos pontos de rios analisados apresentam qualidade de água ruim ou péssima – portanto sem condições para usos na agricultura, na indústria ou para abastecimento humano. O levantamento não identificou corpos d’água com qualidade ótima, enquanto em aproximadamente 73% dos casos as amostras podem ser consideradas regulares. Apenas 7% contam com água de boa qualidade. O programa Observando os Rios conta com apoio da Ypê desde 2015 e o estudo completo está disponível aqui.
Os indicadores foram obtidos entre janeiro e dezembro de 2021 por 106 grupos voluntários de monitoramento da qualidade da água do Programa Observando os Rios. Foram feitas 615 análises em 146 pontos de coleta de 90 rios e corpos d’água de 65 municípios em 16 estados do bioma Mata Atlântica – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.
Houve pouca alteração em relação aos resultados do período anterior de monitoramento, com alguns casos localizados. Considerando cada ponto de análise individualmente, a condição da qualidade da água manteve estabilidade em 88 deles, piorou em 45 e melhorou em 13. Destaca-se o lago do Ibirapuera, na capital paulista, onde a água passou de regular para boa, com relatos do aparecimento de peixes em sua foz. Outra evolução semelhante ocorreu no córrego Paquera, em Ilhabela, litoral norte do estado de São Paulo, evidenciando que obras de saneamento influenciam positivamente a qualidade da água de um rio.
Coordenador do programa Observando os Rios, Gustavo Veronesi explica que o retrato da qualidade da água nas bacias da Mata Atlântica é um alerta para a condição ambiental da maioria dos rios nos estados do bioma. A inadequação da água para usos múltiplos e essenciais pode ser consequência de fatores como a poluição e as precárias condições de saneamento, além da degradação dos solos e das matas nativas.
“A qualidade regular da água obtida em mais de 70% dos pontos monitorados demanda atenção especial dos gestores públicos e da sociedade, indicando também a condição frágil dos recursos hídricos, especialmente neste momento de emergência climática e de pandemia, quando aumenta a demanda por água limpa. As populações mais pobres sempre são as mais afetadas pelas deficiências de estrutura de atendimento ao fundamental, que são água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos e manejo de águas de chuva, os pilares do saneamento básico”, diz.
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Rio Pinheiros