A Mata Atlântica, embora seja protegida pela Lei nº 11.428, conhecida como Lei da Mata Atlântica, que é lar de 72% dos brasileiros e concentra 80% do PIB nacional, segue como o bioma mais ameaçado do Brasil. Entre os meses de agosto e outubro de 2022 foi registrado o desmatamento de mais 6.850 hectares (ha) – é como se, no período, uma área de floresta equivalente a 75 campos de futebol fosse desmatada todos os dias.
As informações são do novo boletim do SAD (Sistema de Alertas de Desmatamento) Mata Atlântica, consolidado no MapBiomas Alerta. Lançado em fevereiro de 2022, em uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o MapBiomas, o sistema tem como papel monitorar e difundir informações sobre o desmatamento no bioma. Os dados foram obtidos a partir de 1.117 alertas, abrangendo todo o mapa de aplicação da Lei da Mata Atlântica, do qual fazem parte 17 estados brasileiros.
Só os estados de Minas Gerais e do Piauí somam mais de 43% do total desmatado, respectivamente 1.650 e 1.327 ha. Os três municípios com as maiores áreas derrubadas foram Riacho Frio, no Piauí (652 ha), Cristino Castro, também no Piauí (359 ha), e Lassance, em Minas Gerais (336 ha). Nos três casos, a área equivale a um único grande desmatamento.
Segundo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da SOS Mata Atlântica, os dados confirmam a alta do desmatamento no bioma, em consonância com outros biomas do Brasil, como a Amazônia, onde tem se observado os maiores valores dos últimos 10 anos. Os grandes desmatamentos em área contínua estão relacionados à expansão agropecuária em grande escala, também indicando falhas na fiscalização e combate ao desmatamento, o que também marcou 2022 em todo o Brasil.
Desmatamento acumulado em 2022
Os dez primeiros meses de 2022 somam 48.660 ha desmatados. Entre janeiro e outubro, Bahia e Minas Gerais aparecem como as unidades da federação que mais desmataram a Mata Atlântica, respectivamente 15.814 e 14.389 hectares. O Piauí vem em terceiro lugar, com 6.232.
Nos três estados, a grande maioria das derrubadas foi causada pela agricultura: 73,2% na Bahia, 93,4% em Minas Gerais e 64,5% no Piauí. Essa também é a realidade em todo o bioma, onde 86,4% da área foi derrubada com a mesma motivação.
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