A região do Parque Nacional do Iguaçu já teve registro de 180 onças-pintadas. Atualmente, porém, a estimativa é de que existam apenas 18 indivíduos vivendo na área e que em 80 anos a espécie estará extinta.
As informações foram divulgadas durante o Fórum Mundial do Meio Ambiente, em Foz do Iguaçu, por Marina Xavier da Silva, coordenadora do projeto Carnívoros do Iguaçu, e por Ronaldo Morato, coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O monitoramento teve uma lacuna de dez anos, e voltou a ser feita em 2009. Agora, o projeto é mantido pela Orient Express, que é dona do Hotel das Cataratas. A iniciativa foi prevista na licitação para a concessão do hotel.
“Análises genéticas que fizemos em 2010 na população do Alto Paraná indicam que ela está sofrendo e, se não tiver ações eficazes e rápidas, a probabilidade de extinção é de 80 anos, de acordo com os modelos matemáticos. Há a necessidade de empenho de todos”, afirmou Morato. Ainda segundo ele, em 2011 a revista Science publicou um estudo que mostrou que a perda de grande predador numa área pode levar ao desaparecimento desse ambiente, o que é muito preocupante.
De acordo com Morato, existem hoje 20 mil armadilhas fotográficas, porém não há mais o registro de queixadas no parque – que são as presas preferidas da onça-pintada. “Então, o risco de extinção da onça também é grande”, afirmou.
O parque sofre com a caça, pesca e exploração ilegal de palmito. A Unidade de Conservação tem um perímetro total de 420 km e há muitas estradas e pequenas propriedades na região.
“Temos convênio com a Polícia Ambiental do Paraná e existe uma corporação com 40 homens dentro do parque, trabalhando em escalas. Mesmo tendo esse convênio é pouca gente. Há ainda 10 servidores públicos. Falta gente, faltam recursos e estrutura, como caminhonete e postos nos diversos municípios para coibir os crimes”, afirma o chefe do parque, Jorge Pegoraro.
Protesto condenou estrada no Parque
No domingo (23 de junho), ambientalistas e personalidades se reuniram no Parque Nacional do Iguaçu para protestar contra a abertura de uma estrada que cortará ao meio um dos últimos remanescentes florestais contínuos de Mata Atlântica, no interior do Parque. A construção da “Estrada-Parque Caminho do Colono”, proposta pelo Projeto de Lei (PL) 7.123/2010 impactará e colocará sob ameaça a conservação da biodiversidade em Iguaçu. O Parque Nacional do Iguaçu com seu exuberante conjunto de cataratas é orgulho nacional, considerado uma das 7 Maravilhas da Natureza e Patrimônio Mundial da Humanidade.
Para legalizar a estrada, o Projeto de lei nº 7123, de 2010, de autoria do deputado ruralista Assis do Couto (PT-PR), incluiu o conceito estrada-parque na Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), o que prejudica não só o Parque Nacional do Iguaçu como as outras Unidades de Conservação nacionais, pois abre precedentes para a abertura indiscriminada de estradas no interior dessas unidades.
Uma ferida na floresta
A Estrada do Colono foi aberta no início do século XX para ligar as cidades de Serranópolis do Iguaçu e Capanema, no sudoeste do Paraná, cortando o Parque Nacional do Iguaçu, criado em 1939.
Primeiramente uma trilha, o trecho se transformou em estrada de terra nos anos 50 e quase chegou a ser asfaltado nos anos 80. A estrada foi oficialmente fechada pelo governo federal em 2001, o que gerou uma onde de ações na Justiça para reabrir a passagem. Em 2011, a zona de amortecimento do Parque (área que circunda a Unidade de Conservação e dá proteção adicional a ela) foi reduzida de 10 quilômetros para 500 metros. Mais recentemente, foi autorizada a construção da Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, que afeta diretamente o Rio Iguaçu.
Em 2013, a disputa chegou à Câmara dos Deputados, incentivada pela bancada ruralista. As imagens aéreas mostram que a região por onde passava a Estrada do Colono já se recuperou e hoje voltou a ter floresta. “A cobertura vegetal já tomou conta, só resta uma cicatriz, mas houve uma extraordinária recuperação da Mata Atlântica”, afirma Pegoraro. Se ela voltar a ser aberta, os riscos de caça aumentam e as onças ficarão ainda mais ameaçadas.
Além disso, segundo o chefe do parque, está claro que a estrada traz mais males ao parque que pontos positivos.
Famosos como o cantor Guilherme Arantes e os atores Marcio Garcia e Victor Fasano também se posicionaram contra a estrada, assim como a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.
As fotos abaixo mostram o estado atual da floresta na região onde antes havia a passagem:
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Para Ministra, estrada é agressão inaceitável
A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente)
afirmou na sexta-feira (21/06) que é um “acinte o Brasil querer reabrir a Estrada do Colono”, que corta o Parque Nacional do Iguaçu, famoso internacionalmente por suas Cataratas. Ela fez o pronunciamento durante o Fórum Mundial de Meio Ambiente, em Foz do Iguaçu.
“Essa é uma disputa que a sociedade já faz há mais de 20 anos, com decisões do Supremo Tribunal Federal. Sou frontalmente contra a reabertura, isso é inaceitável. Não preciso reabrir a estrada para promover o desenvolvimento sustentável no Paraná. Não é que não se possa buscar alternativas para os municípios que estão no entorno do parque, mas não com a sua destruição e reduzindo mais ainda a população de felinos, como está acontecendo hoje”, disse ela.
Parque modelo tem patrimônio ameaçado
O Parque Nacional do Iguaçu abriga o maior remanescente de Mata Atlântica da região sul do Brasil e protege uma riquíssima biodiversidade, constituída por espécies representativas da fauna e flora brasileiras, das quais algumas ameaçadas de extinção.
O Parque do Iguaçu foi a primeira Unidade de Conservação do Brasil a ser instituída como Sítio do Patrimônio Mundial Natural pela UNESCO, no ano de 1986. Unido pelo rio Iguaçu ao Parque Nacional Iguazú, na Argentina, o Parque integra o mais importante contínuo biológico do Centro-Sul da América do Sul, com mais de 600 mil hectares de áreas protegidas e outros 400 mil em florestas ainda primitivas, responsabilidade ímpar para ações conjuntas entre brasileiros e argentinos nos esforços de preservação deste tão importante patrimônio mundial. O Parque também foi eleito em 2011 como uma das Sete Maravilhas da Natureza.
Além disso, o Iguaçu é um dos poucos parques brasileiros sem problemas fundiários. Para se ter uma ideia, o parque mais antigo do país, o Itatiaia, ainda tem pessoas morando em sua área e a regularização ainda não foi totalmente concluída.
Os serviços prestados aos turistas são feitos por concessionários e ao longo dos anos a visitação só tem crescido. Em 2005 a visitação foi de 1 milhão e, no ano passado, chegou a 1,5 milhão. Os serviços terceirizados são passeios de helicóptero, o hotel, arvorismo, rapel, entre outros, gerando 775 empregos diretos.
Mande email para as autoridades
Envie email para as autoridades políticas manifestando sua oposição à essa ameaça a um dos mais importantes patrimônios naturais brasileiros: diga “Não” à reabertura da Estrada do Colono no Parque Nacional do Iguaçu!
Presidenta Dilma Rousseff
Telefones: (61) 3411.1200 (61) 3411.1201
Fax: (61) 3411.2222
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Ministra da Casa Civil Gleisi Helena Hoffmann
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