O que está acontecendo no Rio Grande do Sul, como ajudar e o que pode piorar a situação

09 de May de 2024

Pelo segundo ano seguido, o Rio Grande do Sul passa por chuvas extremas, que têm causado alagamentos e deslizamentos de terra, impactado a vida de milhares de pessoas e, infelizmente, feito dezenas de vítimas fatais. Nós da Fundação SOS Mata Atlântica lamentamos e nos solidarizamos com o estado e todos os atingidos nesse momento de tragédia social e ambiental.

O Rio Grande do Sul está numa região que o Painel Intergovenamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), órgão que reúne milhares de pesquisas científicas do mundo todo, indica haver aumento das chuvas. Ou seja, esses fenômenos estavam previstos e podem acontecer de novo. Bem como os cientistas apontam que diversos eventos extremos, consequências das mudanças climáticas, ficarão cada vez mais intensos e frequentes.

O que o Brasil precisa urgentemente fazer, segundo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo e de conhecimento da Fundação SOS Mata Atlântica, é mitigar as emissões dos gases que contribuem para o aquecimento global, isto é, “fazer a sua lição de casa para diminuir as emissões”. E a principal tarefa nisso é acabar com o desmatamento.

Além disso, é fundamental a agenda de adaptação, que reconhece a gravidade e urgência do problema. As regiões de risco devem se adaptar para enfrentar esses eventos extremos. Segundo Luís Fernando, “as soluções baseadas na natureza são as principais alternativas que nós temos, as mais baratas, mais eficientes, e entre elas está a restauração florestal, plantar floresta, plantar ecossistemas nativos e proteger os que já existem, para minimizar esses efeitos extremos dessas chuvas muito intensas”, declara.

Como ajudar no momento da crise

Além de pressionar as autoridades para que as cidades tenham planos de adaptação, para que os governos e representantes façam políticas públicas que tratem das mudanças climáticas, os momentos de crise também pedem por solidariedade.

Agências dos Correios em São Paulo e no Paraná estão recebendo doações de água potável, alimentos não perecíveis, produtos de higiene, roupas e sapatos, e levando os itens gratuitamente para os centros de apoio aos atingidos.

A Cruz Vermelha e a Central Única das Favelas (CUFA) também estão com pontos de coleta de doações, em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Alagoas e Rio Grande do Sul, no caso da primeira, e São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, no caso da CUFA.

Unidades das lojas Petz em São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás estão recebendo doações de ração, além de água, roupas, alimentos e produtos de higiene.

Além disso, diversas organizações que estão atuando diretamente nas áreas afetadas estão recebendo doações em dinheiro, tais como:

•        Ação da Cidadania, por meio do site Emergências - Ação da Cidadania Contra a Fome a Miséria e Pela Vida

•        Cozinhas Solidárias do MTST, pelo site apoia.se/EnchentesRS ou pelo PIX enchentes@apoia.se

•        Central Única das Favelas, pelo PIX doacoes@cufa.org.br

•        Grupo de Resposta a Animais e Desastres, pelo site GRAD (gradbrasil.org.br) ou pelo PIX 54.465.282/0001-21


Projetos de lei no Congresso podem agravar situações como a do RS

Membros da Frente Parlamentar Ambientalista fizeram um ato nesta terça-feira, 7, na Câmara dos Deputados, denunciando propostas que diminuem a proteção ambiental no Brasil, o que torna tragédias como essas ainda mais devastadoras.

Chamado de novo ‘Pacote da Destruição’, um conjunto de 25 projetos de lei e três emendas à Constituição prejudiciais ao maio ambiente tramitam no Congresso Nacional, com alta probabilidade de avanço.

•        Confira a lista completa.

Para Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, é urgente resgatar uma postura ambiental no Congresso Nacional Brasileiro. “O clima mudou e o Congresso Nacional também precisa mudar”, declara. “Infelizmente, as boiadas do pacote da destruição da legislação ambiental brasileira continuam com uma força intensa, tanto na Câmara como o Senado”, completa.

Ela cita projetos de lei (PL) que destroem a Mata Atlântica, bioma extremamente importante para a segurança hídrica, mitigação e adaptação aos eventos climáticos. Estão reunidos num conjunto de cinco PLs que “praticamente rasgam e destroem a lei da Mata Atlântica”. Do Código Florestal, são mais cinco projetos de lei.

Malu explica que as bancadas gaúchas são as que lideram o movimento contra a proteção, por exemplo, dos campos nativos e as formações não florestais brasileiras. Trata-se do PL 364, de autoria do deputado federal Alceu Moreira, do MDB do Rio Grande do Sul, com relatoria do deputado gaúcho Lucas Redecker, do PSDB também do Rio Grande do Sul, e que poderá colocar para destruição mais de 48 milhões de hectares de campos nativos no país em todos os biomas brasileiros.

“Esse trágico comportamento dessa bancada antiambiental, anticiência, mostra como interesses pontuais nesse momento de emergência climática são extremamente nocivos. Desregulamentar a legislação ambiental, fragilizar a lei da Mata Atlântica e de todos os outros biomas brasileiros continua sendo um caminho suicida para o país”, declara a diretora.

Foto: Diego Vara / Agência Brasil

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