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26 de September de 2025
SOS Mata Atlântica reforça que, apesar da redução, Brasil ainda está longe do desmatamento zero e, em ano do COP30, precisa implementar o plano de combate e manter a proteção da Lei da Mata Atlântica
Os dados mais recentes do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o MapBiomas e a Arcplan, apontam uma redução de 42% no desmatamento do bioma no primeiro trimestre de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior – 8.109 hectares contra 14.068. Ainda assim, em apenas três meses foi destruída uma área correspondente a aproximadamente oito mil campos de futebol.
Segundo a SOS Mata Atlântica, o resultado, embora sinalize uma tendência positiva, exige cautela. No primeiro semestre de 2024, por exemplo, houve uma queda de 55%, mas o aumento dos cortes nos meses seguintes levou a um resultado de preocupante estabilidade no desmatamento total do ano.
“É ótimo notar uma trajetória de queda, porém a situação ainda é de alerta. A Mata Atlântica é o bioma mais devastado do Brasil e cada hectare perdido compromete a biodiversidade e a qualidade de vida da população com um todo. Para virar o jogo, o país precisa implementar com rapidez o novo plano de combate ao desmatamento e encerrar o ciclo de ameaças legislativas à Lei da Mata Atlântica”, afirma Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da organização.
Nos últimos meses, a Lei da Mata Atlântica voltou a ser alvo de tentativas de enfraquecimento no Congresso Nacional. O PL 2159/2021, conhecido como “PL da Devastação”, incluiu dispositivos que fragilizam a proteção do bioma. Embora grande parte desses pontos tenha sido vetada pelo presidente da República, a pressão para a derrubada dos vetos no Congresso permanece intensa.
“A sociedade já demonstrou força para barrar retrocessos e precisa seguir vigilante. Pressões pela flexibilização do licenciamento ambiental persistem e, sem a manutenção dos vetos e a aplicação rigorosa da lei, abriremos espaço para novos ciclos de devastação”, reforça Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica.
O bioma tem potencial para ser uma referência nacional e internacional, por enfrentar há mais tempo a perda florestal sistemática e as pressões históricas de uso do solo no Brasil, contar com uma lei nacional específica para sua proteção e concentrar os mais relevantes experimentos de restauração e recuperação da vegetação nativa já realizados no país. “Para que o Brasil cumpra os compromissos assumidos no Acordo de Paris, é fundamental alcançar o desmatamento zero em todos os biomas até 2030. A Mata Atlântica pode ser o primeiro a atingir essa meta e se tornar uma referência global no enfrentamento das crises ambiental e climática”, destaca Guedes Pinto.
O diretor lembra ainda que a proteção e a recuperação da Mata Atlântica, apontada pela ONU como uma das 10 Iniciativas de Referência da Década da Restauração de Ecossistemas, são fundamentais para a garantia de serviços ecossistêmicos – como água, alimentos, saúde e bem-estar nas cidades – em uma região que abriga 70% da população brasileira e responde por 80% do PIB nacional. A conservação do bioma, portanto, é também um pilar estratégico para a estabilidade econômica do país.
Além disso, 2025 é um ano simbólico: o Brasil sediará a COP 30, em Belém, e precisa apresentar resultados concretos no combate ao desmatamento e estratégias de mitigação aos efeitos da mudança climática. “Temos uma oportunidade histórica de mostrar ao mundo que o Brasil pode liderar pelo exemplo. Zerar o desmatamento da Mata Atlântica nos próximos anos é uma meta ambiciosa, mas possível, e sinalizaria que o país está pronto para unir conservação, desenvolvimento e justiça climática”, conclui o diretor.
O SAD Mata Atlântica utiliza uma classificação automática de indícios de desmatamento baseado na comparação entre imagens de satélite Sentinel 2 (dez metros de resolução). Os focos de potencial desmatamento são enviados para o MapBiomas Alerta e então validados, refinados e auditados individualmente em imagens de alta resolução. Cada ponto de desmatamento confirmado é cruzado com informações públicas, incluindo as propriedades do Cadastro Ambiental Rural (CAR), embargos e autorizações de desmatamento do SINAFLOR/IBAMA, para disponibilização em uma plataforma única, aberta e transparente que monitora todo território brasileiro.
Os dados consolidados do desmatamento na Mata Atlântica em 2025 serão divulgados no primeiro semestre de 2026.