Estados brasileiros defendem a união das pautas de biodiversidade e clima em evento na COP16, na Colômbia

29 de October de 2024

por Marina Vieira*

Na segunda-feira, 28 de outubro de 2024, um espaço cultural no centro de Cali, terceira maior cidade da Colômbia, recebeu uma programação de dia inteiro dedicada à biodiversidade brasileira. Foi o ABEMA Day, da Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente, que reuniu secretários, secretárias e servidores de meio ambiente de diversos estados da federação, além de representantes do governo federal e de organizações da sociedade civil.

A SOS Mata Atlântica participou do painel sobre emergências em biodiversidade, em que apresentou documento que traça as linhas de base para a aplicação de metas-chave do Marco Global pela Biodiversidade para a proteção da Mata Atlântica.

O bioma abriga enorme diversidade de espécies, muitas endêmicas (ou seja, que só podem ser encontradas nele), mas segue altamente degradado e fragmentado. Como explicou Diego Igawa, coordenador de projetos da Fundação, as florestas que ainda nos restam estão em um estado de conservação muito ruim. Se somarmos os fragmentos atuais, vemos que a grande maioria são pequenos e isolados. Ele comparou com o tamanho da Zona Azul da COP16, que tem cerca de 8 mil metros quadrados, ou 8 hectares, o que é maior do que 88% dos fragmentos da Mata Atlântica.

Para reverter esta situação, além do óbvio que deveria ser zerar o desmatamento, é preciso restaurar as áreas já perdidas. A Mata Atlântica está entre os biomas prioritários para esta empreitada, pois a recuperação de 15% do território degradado diminuiria o risco de extinção de 60% das espécies previstas, e conseguiria captar até 30% do excesso de carbono que já foi emitido desde a Revolução Industrial. Ou seja, a restauração da floresta seria uma resposta tanto para a crise do clima quanto para a da biodiversidade.

“O melhor lugar onde essas pautas se unem é nas Soluções Baseadas na Natureza”, como resumiu Marie Ikemoto, subsecretária Mudanças do Clima e Conservação da Biodiversidade da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade do Rio de Janeiro.

A preocupação em unir essas duas pautas permeou os painéis no ABEMA Day, que apresentaram os avanços em planos e estratégias estaduais e municipais para a biodiversidade, compartilharam experiências diante de eventos climáticos extremos – como as enchentes no Rio Grande do Sul –, deram exemplos de enfrentamento a crimes ambientais, como o desmatamento químico (com uso de agrotóxicos) no Pantanal mato-grossense e anunciaram a criação de novas Unidades de Conservação espalhadas pelo país.

Jovens do Engajamundo, da Rede Brasileira de Biodiversidade e Clima e do capítulo brasileiro do Global Youth Biodiversity Network (GYBN) também aproveitaram a ocasião para entregar carta com recomendações à EPANB (Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade) para membros da ABEMA.

O evento foi encerrado com a parabenização pelos esforços apresentados até agora em defesa da natureza, mas, com a ajuda de uma frase de Mia Couto, lembrando que não é possível parar por ali: "O suficiente é para quem não ama. No amor, só existem infinitos".

* A Fundação SOS Mata Atlântica participa da COP16 com o apoio do Avião Solidário da Latam Airlines.

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