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02 de November de 2021
Embora o bioma abrigue 72% da população e seja responsável por 80% do PIB nacional, as emissões per capita e por unidade do PIB da Mata Atlântica foram de três a cinco vezes menores que as médias do Brasil entre 2000 e 2018, o que revela uma menor pegada de carbono e maior eficiência de emissões em relação à população e à economia do país. Além disso, a Mata Atlântica apresentou uma das menores taxas de crescimento das emissões quando comparada aos demais biomas (9%), com maior eficiência produtiva por emissão, especialmente da pecuária. Foi também o segundo bioma mais importante em relação às remoções de gases de efeito estufa da atmosfera – que dobraram no período, principalmente em função do aumento das remoções por regeneração da vegetação secundária (girando entre 10% e 15% das emissões brutas anuais).
Dessa forma, o estudo indica que o setor de uso de terra da Mata Atlântica tem potencial de diminuir as emissões totais do bioma em até 6,28 GtCO2e entre 2005 e 2050 – valor maior que todas as emissões da Índia (3,346) e da Rússia (1,992) em 2018, respectivamente terceiro e o quarto maiores emissores do planeta.
“O bioma Mata Atlântica vem apresentando uma das menores taxas de crescimento das emissões de gases de efeito estufa nos últimos 19 anos em relação aos demais biomas”, afirma Renata Potenza, Coordenadora de Projetos da Iniciativa Clima e Cadeias Agropecuárias no Imaflora. Segundo ela, um dos motivos para isso pode estar relacionado a um grande aumento da produtividade da atividade de pecuária, ou seja, o bioma vem produzindo mais carne sem aumentar o número de cabeças de bovinos.
“Esse aumento da produtividade, aliado à implementação de técnicas de agricultura de baixo carbono, como é o caso de recuperação de pastagens degradadas, implementação de modelos de Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF) e aumento de lavouras sob sistemas de plantio direto pode contribuir para que a Mata Atlântica reverta sua trajetória e demonstre seu grande potencial em se ter uma agropecuária sustentável e resiliente aos impactos já sentidos pela emergência climática. Mas, para isso, é necessário haver investimento, agilidade e maior escala nessas tecnologias de baixo carbono no campo”, explica.
O estudo aponta caminhos que devem ser priorizados para um bioma neutro em todos os setores de emissão: substituição do uso de combustíveis fósseis por renováveis no transporte nas metrópoles, tratamento de resíduos (esgoto e lixo) nas cidades associado à recuperação do metano e geração de energia a partir de sua combustão; o combate ao desmatamento (em especial nos estados de MG, BA, PR, SC e MS, que concentram 91% do total no bioma); adoção da agricultura de baixo carbono com a recuperação de pastagens e solos degradados, pecuária mais eficiente e fixação biológica do nitrogênio; e restauração florestal e criação de áreas protegidas.
“A análise comprova que a Mata Atlântica é um dos ecossistemas com maior prioridade para a restauração no mundo, considerando-se os benefícios para a conservação da biodiversidade, da água e o combate às mudanças climáticas”, afirma Tasso Azevedo, coordenador do SEEG. “As metas deste estudo podem ser incorporadas na próxima revisão da NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) brasileira, visando contribuir para o alcance do Acordo de Paris e de um país neutro em emissões em 2050”, completa.